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21 de out. de 2011

Brasileiro que criou o Kinect quer continuar inventando o futuro



Alex Kipman durante lancamento do Kinect no Brasil, em novembro do ano passado. FOTO: Marcio Fernandes/AE

Um ano depois do lançamento do console da Microsoft, Kipman diz que, agora, seu maior concorrente é ele mesmo

O brasileiro Alex Kipman revolucionou não só o mundo dos videogames, mas o conceito da interação com a tecnologia com o Kinect, um sistema de reconhecimento de movimento com o qual tenta “inventar o futuro”.
Depois da sensação causada pelo Kinect no mercado com apenas um ano de vida, a tarefa de Kipman, diretor de incubação da Xbox, o console da Microsoft, não é nada fácil. Primeiro, superar a si mesmo e depois criar algo que continue o caminho iniciado.

“Meu trabalho é inventar o futuro”, disse em entrevista à Agência Efe no quartel-general da Microsoft em Seattle, na qual fez um balanço sobre o primeiro aniversário de um dispositivo cujo uso se estendeu a novas aplicações que afetam a “vida real”, inclusive a medicina.
Apaixonado por seu trabalho, o engenheiro de 32 anos, que foi recrutado pela companhia fundada Bill Gates logo após terminar seus estudos de engenharia de software, declarou que “agora eu sou minha própria concorrência. O que precisamos fazer tem que ser dez vezes melhor que o Kinect”.
Graças a seu sofisticado software, que consta de um sensor de profundidade, microfones e uma câmara de acompanhamento de movimento do corpo em espaço tridimensional, o Kinect é capaz de escanear o jogador para que atue de forma interativa com seu avatar na tela do televisor.
A visão por trás de Kinect, que definiu como “uma viagem que acaba de começar”, é adaptar as tecnologias para “interagir com as máquinas de uma forma muito mais natural, como funciona no mundo real”.
“As tecnologias estão cada vez mais presentes, temos mais dispositivos e aparelhos nas mãos, tornado nossa vida mais complicada. Nossa visão é ir contra isto”, destacou, antes de explicar que em seu laboratório foi capaz de criar “pela primeira vez, experiências que nos entendem, e não que nós temos que entender”.
O engenheiro lembrou que até pouco tempo estes conceitos para o público eram “ficção científica”, mas seu objetivo é traduzir isto em fatos. ”Isto é algo histórico e não é só algo que mudou o mundo dos videogames e do entretenimento, mas causa mudanças fundamentais na vida cotidiana”, comentou Kipman.
Seis meses após o lançamento do Kinect, a Microsoft liberou o kit de desenvolvimento do aparelho (SDK) para Windows, que já é empregado em outras atividades associadas à vida real, como tratamentos para as crianças com danos cerebrais e pacientes com esclerose múltipla.
Kipman se mostrou “entusiasmado” com as novas aplicações de sua invenção, “mas não surpreendido” por seu “enorme potencial”. ”Temos que entender que a linguagem da tecnologia tem uma nova cara. É algo com o que se pode interagir de uma forma muito mais interessante e natural. E isto é só o começo”, acrescentou.
O próximo passo para o Kinect será uma nova versão, ainda não anunciada, aprimorada do dispositivo, enquanto o futuro no mundo dos videogames está por ser desvendado: “É algo que não vimos ainda”. ”Não é preciso usar uma bola de cristal para afirmar que daqui a dez anos nada será o mesmo. Há dez anos quase não tínhamos internet e agora quase não podemos viver sem ela. A maioria das pessoas não tinha telefones celulares e agora não podem se imaginar sem estes aparelhos”, lembrou.
Kipman está agora trabalhando em novos projetos – “nada que eu possa contar” – e continua em contato com a equipe do Kinect, mas avança em sua constante busca para reinventar o mundo dos videogames.
O brasileiro se declara viciado em trabalho e se diverte em seus laboratórios fazendo testes e criando hardwares, softwares e trocando ideias com seus colaboradores, cerca de 20 pessoas.  ”Não levo trabalho pra casa, nunca. Se não estou no escritório não estou trabalhando, não olho e-mails, não checo o telefone, não existe nada relacionado com a Microsoft em meu tempo livre. Afinal passo 20 horas por dia, sete dias por semana, no trabalho”, brincou.
Entre seus passatempos, além de jogar “muitos videogames”, estão a música e o esoterismo e, principalmente, passar o tempo com sua filha Ana, que nasceu em novembro do ano passado, na mesma semana que lançou o Kinect. ”Quero passar a maior parte do tempo com ela, vendo como ela descobre o mundo através de seus olhos, algo fascinante”, concluiu.
/ Elvira Palomo (EFE)
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