Em meio à expectativa pelo anúncio de sua renúncia, o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL), Ricardo Teixeira, teria embarcado ontem para os Estados Unidos, em um jato particular, acompanhado do amigo Wagner Abraão, dono da agência de turismo Pallas (prestadora de serviços para a CBF) e presidente do Grupo Águia – escolhido pela Fifa para comercializar pacotes de viagens, hospedagem e ingressos VIP do Mundial de 2014. A esposa de Teixeira, Ana Carolina Wigand, e a filha Antônia estão em Miami há alguns dias.
Outras fontes, no entanto, garantem que o dirigente permanece no Rio e até teria sido visto à tarde em um restaurante no Leblon. De qualquer forma, a viagem, se ocorreu mesmo, terá sido apenas para aproveitar a folga de carnaval. Depois de muita especulação, a CBF se manifestou pela primeira vez sobre o assunto às 19h22, publicando em seu site oficial curta nota que garante a volta de Teixeira às suas funções na próxima semana: “O presidente Ricardo Teixeira retomará as atividades que constam da sua agenda de trabalho na CBF após o carnaval”.
Na quinta-feira, Teixeira se reuniu em um restaurante no Rio de Janeiro com o presidente da Federação Paulista, Marco Polo del Nero, e seu vice, Reinaldo Carneiro de Bastos, além de José Maria Marín, vice-presidente da CBF e sucessor na presidência em caso de renúncia, segundo o estatuto da entidade. O assunto teriam sido as consequências de uma eventual saída do dirigente da presidência da entidade.
De acordo com o estatuto da CBF, o vice-presidente mais velho, no caso, José Maria Marín, de 79 anos, assumiria o cargo, se o presidente de fato renunciasse. No entanto, se Teixeira optar por um pedido de licença, ele mesmo indicaria qual dos cinco vices ficaria no cargo. A licença pode ser por um período de 180 dias consecutivos. Em dezembro, o dirigente usou desse artifício para fazer exames médicos nos Estados Unidos. Marín o substituiu.
A primeira vez que o dirigente usou a prerrogativa da licença foi na época das CPIs que investigaram o futebol brasileiro, no início dos anos 2000. Na ocasião, ele chegou a pensar em renúncia. Mas, apoiado por cartolas aliados, decidiu apenas se afastar temporariamente do comando da CBF. Há ainda uma terceira possibilidade: Ricardo Teixeira pode renunciar e fazer um acordo para que todos os seus vices também o façam. Aí, novas eleições seriam automaticamente convocadas.
Reação No entanto, um grupo de presidentes de federações, liderado pelo gaúcho Francisco Noveletto, é contrário à entrada de José Maria Marín no lugar de Teixeira e defende a realização de novas eleições, temendo que o comando do futebol brasileiro fique apenas na mão de paulistas (Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, é o atual diretor de Seleções).
“Nossa tese é a de que Teixeira foi reeleito para oito anos (até 2015) porque a Fifa exigiu que a pessoa que negociasse em 2008 estivesse no cargo em 2014. Foi algo só para ele, intransferível. O correto, dentro do que propusemos, é o mais velho assumir até convocar novas eleições. Isso poderia levar 60 ou 90 dias. Não temos nada contra ele (Marín), mas ele ocuparia quatro anos para os quais não foi eleito”, disse Noveletto.
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