A Carpathia Hosting, empresa que hospeda os arquivos do Megaupload, enviou um documento à Justiça dos Estados Unidos afirmando que vai manter os dados dos mais de 50 milhões de usuários do serviço de compartilhamento enquanto o processo está em andamento.
Em documento à Corte Federal de Virgínia (EUA), a companhia declarou que "não está em posição de decidir se vai destruir ou manter os dados do Megaupload sem a orientação da Justiça americana". Segundo o site Torrent Freak, "as alegações dos réus são suficientemente razoáveis ao afirmarem que sem uma ordem da Corte seria imprudente por parte da Carpathia reconfigurar os servidores".
O Megaupload pediu a preservação dos arquivos para preparar sua defesa para o julgamento, enquanto a EFF (Fundação Fronteira Eletrônica), que defende a liberdade de expressão para meios digitais, requisitou à Justiça do país a devolução dos dados aos usuários do serviço. No entanto, a companhia de hospedagem pede à corte que os custos para a manutenção dos arquivos sejam assumidos pelas partes que têm interesse em mantê-los. Desde janeiro havia rumores sobre a possibilidade da Carpathia Hosting deletar arquivos de usuários do Megaupload, uma vez que os fundos da empresa foram congelados pelas autoridades, impossibilitando o pagamento à companhia de hospedagem de servidores. O Torrent Freak diz que, até que o julgamento termine, os dados estão a salvo. Mas se a Justiça americana decidir no final do processo que os dados devem ser apagados, a Carpathia terá de cumprir a ordem.
Fechamento e investigações
Para acabar com a liberdade de expressão e a pirataria na internet, os EUA retiraram o Megaupload do ar em janeiro deste ano e funcionários da empresa foram presos, incluindo o fundador, Kim Dotcom. Na época, a acusação alegou que a companhia deve mais de US$ 500 milhões (cerca de R$ 880 milhões) em vendas perdidas para os detentores de direitos autorais de filmes, músicas e outros tipos de conteúdo.
Além de enviar arquivos, os usuários do Megaupload também pagaram mais de US$ 110 milhões para os fundadores via PayPal. O FBI e autoridades internacionais encontraram mais de 60 contas bancárias espalhadas pelo mundo e vários cadastros no PayPal em nome do serviço. Em nome dos fundadores do MegaUpload também existiam cerca de 30 carros e motocicletas, incluindo modelos da Mercedes-Benz com placas como GUILTY (culpado, em inglês), MAFIA, HACKER, GOOD (bom) e EVIL (mal).
Segundo arquivos do FBI, os próprios funcionários do Megaupload se aproveitavam do conteúdo enviado pelos usuários para baixar arquivos ilegalmente. E-mails trocados entre executivos do serviço mostraram discussões sobre cópias de diversos álbuns e episódios de séries baixados a partir de links colocados por membros do site. Em conversas, eles chegaram a afirmar que possuem "um negócio divertido... somos piratas dos tempos modernos."
Fundador milionário
Kim Schmitz, que fez 38 anos na prisão, foi detido na mansão onde morava com a mulher grávida e os três filhos em Coatesville, Nova Zelândia, em 19 de janeiro deste ano. Apesar de casado, o milionário era famoso por estar sempre rodeado de belas mulheres.
A casa onde ele foi preso está avaliada em US$ 30 milhões (cerca de R$ 52,7 milhões). Apesar de ter gasto cerca de R$ 5,7 milhões em uma reforma, a mansão não pertence a Dotcom: ele tentou comprá-la, mas não teve sucesso por causa de problemas na Justiça. Fez então um contrato de leasing com o proprietário. Os policiais confiscaram, além da casa, veículos e jet skis.
Em fevereiro, Dotcom declarou em um tribunal da Nova Zelândia que foi vítima de agressões e brutalidade policial. O empresário declarou que, ao ser levado sob custódia, teve o rosto chutado e socado pelos oficiais. As autoridades da Nova Zelândia informaram que não conseguiram abrir a porta da casa de Dotcom devido a mecanismos de segurança, o que os obrigaram a forçá-la para poder efetuar a prisão.
Informações revelam que o fundador do Megaupload não obedeceu às ordens da polícia porque teve medo de ser surpreendido e, possivelmente, levar um tiro. Além disso, foram encontrados na residência uma espingarda semi-automática, cartões de crédito e passaportes com nomes diferentes.
Em 22 de fevereiro, após completar cerca de um mês na prisão, Dotcom conseguiu liberdade condicional até o fim do julgamento. Ele está em uma mansão na cidade de Auckland e não poderá viajar mais do que 80 quilômetros enquanto aguarda a decisão sobre sua extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de lavagem de dinheiro e pirataria. Ele também não poderá usar a internet durante o período e também não terá acesso às suas contas bancárias.
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