O futuro dos PCs a partir de 2014
Semana passada a Intel anunciou que a partir de 2014 não mais comercializará placas-mãe para micros de mesa (“desktops”), ou PCs. Manterá ainda por algum tempo (cerca de três anos) a fabricação destas placas e circuitos auxiliares (“chipsets”)
para honrar seus compromissos com terceiros, como Asus e ASRock que, no
entanto, as comercializarão sob suas próprias marcas. Porém as
derradeiras placas-mãe nos formatos ATX, mini ATX e micro ATX
desenvolvidas para micros de mesa com a marca Intel e estampando seu
logotipo, serão fabricadas apenas este ano. E gradualmente desaparecerão
do mercado.
As últimas placas-mãe Intel (algumas, ainda estão na prancheta para
lançamento este ano) serão as desenvolvidas para a quarta geração de
processadores da família Core. Esta geração será formada pelos Haswell, a
serem lançados este ano (segundo boatos durante a COMPUTEX 2013),
fabricados com tecnologia de 22 nm, e pelos Broadwell, com camada de
silício de 14 nm (espera-se seu lançamento ainda para 2013), ambos
utilizando os transistores tridimensionais “trigate”. Destas
unidades, poucas serão destinadas a computadores de mesa, pois a
arquitetura Haswell é incrivelmente flexível e permite a fabricação de
processadores capazes de atender uma enorme gama de demandas. É certo
que haverá Haswells para PCs, mas a grande maioria deles será destinada a
portáteis tipo “notebooks”, Ultrabook e tabletes.
Por esta razão as placas-mãe destinadas a uso nos computadores portáteis tipo “notebook”
e, principalmente, “Ultrabook”, sejam aquelas desenvolvidas para a
arquitetura Haswell, sejam as desenvolvidas para suas antecessoras,
continuarão a ser fabricadas. O que a Intel anunciou foi apenas a
interrupção da fabricação de placas-mãe para PCs.
Isto porque a partir de 2013 os esforços da Intel serão voltados
predominantemente para dispositivos móveis, especialmente seu novo carro
chefe, a plataforma Ultrabook, assim como tabletes e “notebooks”
de maior poder de processamento. O que é uma mudança e tanto, posto
que a empresa vem fornecendo placas-mãe para micros de mesa há mais de
vinte anos – e vinte anos nesse mercado é uma eternidade.
Segundo a Intel, mesmo considerando o grande número de placas-mãe
fabricadas anualmente, esta decisão não exercerá impacto significativo
sobre a força de trabalho da empresa. Embora tenha se recusado a
declarar quantos empregados serão afetados pela decisão, informou que o
número será pequeno porque a grande maioria dos envolvidos diretamente
com a linha de produção serão remanejados para outras divisões.
Presumivelmente muitos deles serão deslocados para a linha de produção
do NUC, ou “Next Unit of Computing”,
um curioso e pequeníssimo PC sem teclado, sem vídeo, com custo da ordem
de US$ 400, que parece ser, juntamente com os Ultrabook, o novo xodó da
empresa.
Pois muito bem, a Intel vai deixar de fabricar placas-mãe para micros de mesa. E dai?
Bem, assim considerado como fato isolado, não significa muito. Porém…
O NUC, acoplado a uma televisão (provavelmente através de sua porta
HDMI) e a um conjunto de teclado e mause sem fio via porta USB, bem pode
substituir um micro de mesa como centro de entretenimento doméstico e
cobrir um enorme número de lacunas que exigem baixo poder de
processamento nas corporações.
Já os Ultrabook são um caso a parte.
Por exemplo: em janeiro passado, Kirk Skaugen, chefe da divisão PC da Intel, em entrevista a Daniel Cooper
publicada na Engadget, anunciou que para aderir ao padrão Ultrabook os
novos modelos terão obrigatoriamente de usar telas sensíveis ao toque.
Segundo ele a razão disto foi o resultado de testes realizados com
usuários a quem foram dadas tarefas para serem cumpridas usando
Ultrabook com Windows 8 instalado e tela sensível ao toque. O resultado
foi que 80% do tempo os usuários recorreram à tela em vez de ao teclado e
mause. E mais: Skaugen acrescentou que não é propósito da Intel fazer
com que os Ultrabook substituam os “notebooks”. Segundo ele “Nós não estamos tentando criar um mundo Ultrabook”.
Portanto, haverá espaço para NUCs, tabletes, Ultrabook e “notebooks” (provavelmente os de maior poder de processamento).
E os micros de mesa, nossos velhos “desktops”?
Bem, estes não andam lá muito bem das pernas…
Segundo artigo do Gartner Group,
as vendas mundiais de micros de mesa em 2012 totalizaram cerca de 90,4
milhões de unidades, enquanto em 2011 elas chegaram a 95 milhões. O que
representa uma queda de quase 5%.
Ainda no mesmo artigo se percebe que das cinco grandes fabricantes,
HP, Dell, Acer, Lenovo e ASUS, as únicas que apresentaram crescimento
foram as duas últimas. As demais tiveram quedas acentuadas, a da Dell
chegando a quase 21%.
Mil razões podem ser cogitadas para justificar esta tendência,
inclusive o lançamento de Windows 8 que pratVisualizar blogicamente exige uma tela
sensível ao toque como bem percebeu a Intel que passou a solicitá-la nos
seus Ultrabooks. Mas sejam lá quais forem as justificativas, o fato é
que as vendas dos micros de mesa estão caindo.
Agora, vamos juntar os fatos. A Intel decide descontinuar a
fabricação de placas-mãe para micros de mesa; as vendas destas unidades
caíram 5% ano passado; a Intel (e outras; este é apenas um exemplo; a
COMPUTEX 2012 estava cheia de outros) cria o NUC, um computador
simplificado que substitui o PC como centro de entretenimento doméstico;
e os Ultrabooks, “notebooks” e tabletes estão aí para satisfazer as necessidades computacionais tanto do usuário doméstico quanto dos corporativos.
Diante disto, como lhe parece que se apresenta o futuro dos micros de mesa?
Eu, particularmente, gosto muito deles e dificilmente os abandonarei.
Mas estou ciente que corro o risco de me tornar dono de uma raridade,
como aqueles velhos escrevinhadores que não se acostumaram com o
computador e até hoje batucam no teclado de suas “máquinas de escrever”.
As dos mais moderninhos, elétricas…
B. Piropo do ITWEB
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