Evento de filiação de Junior Friboi ao PMDB Imagem: Cristiano Borges/O Popular/Folhapress |
Maior processadora de carnes do mundo, a JBS - mais conhecida pela marca Friboi -, é a empresa que mais distribuiu dinheiro a partidos e candidatos nestas eleições até agora, com R$ 51 milhões em doações, segundo dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os números referem-se à primeira parcial de doações. Até a realização do pleito, em 5 de outubro, haverá uma segunda parcial. Os números consolidados com o total de doações só serão divulgados em novembro, após a realização do segundo turno.
O montante doado neste ano, entretanto, já supera de longe o que a JBS distribuiu ao todo em 2010: R$ 30 milhões. Naquele pleito, o grupo já figurava entre as dez maiores doadoras de campanha.
Grupo não faz discriminação ideológica nas doações
Os dados do TSE mostram que a JBS não discrimina ao doar: partidos de diferentes ideologias, governistas, da oposição e até os que se postulam à terceira via, como o PSB, receberam aportes do grupo.
Todas as siglas acima listadas pertencem à base de sustentação ao governo de Dilma Rousseff no plano nacional. O PT recebeu do grupo R$ 5 milhões, todos direcionados para a campanha de Dilma à reeleição.
Já o PSDB ganhou R$ 7 milhões da Friboi, dos quais R$ 5 milhões foram para a campanha de Aécio Neves e R$ 2 milhões para o diretório de Minas Gerais, onde Pimenta da Veiga disputa o governo do Estado e Antonio Anastasia concorre ao Senado.
O PSB recebeu R$ 1 milhão para a campanha do presidenciável Eduardo Campos e mais R$ 370 mil, direcionados para o diretório baiano, onde a candidata ao governo é Lídice da Mata.
Procurada pela reportagem, a JBS afirmou, por meio de sua assessoria, que faz doações por acreditar "que pode contribuir com o debate político do Brasil."
Ascensão meteórica
A trajetória da Friboi, empresa pouco conhecida até meados da década passada, coincide com a chegada do PT ao poder.
Mais do que mera coincidência, na realidade, o crescimento do grupo está diretamente relacionado com uma política declarada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de eleger "campeãs nacionais", empresas líderes de setores considerados estratégicos, e torná-las gigantes internacionalmente, como ocorreu com a Oi e com as empresas de Eike Batista.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), banco público cuja finalidade é estimular a infraestrutura do país, foi o instrumento utilizado para aplicar tal política. Entre 2005 e 2013, a JBS recebeu empréstimos de R$ 2,1 bilhões do banco, segundo o próprio BNDES.
O valor é equivalente a cinco vezes o que foi emprestado ao Corinthians para a construção do Itaquerão (R$ 400 milhões).
O maior aporte de recursos do BNDES na JBS, entretanto, ocorreu por meio da compra de papéis do grupo: R$ 8,5 bilhões. Hoje, o banco detém 24,6% do capital do grupo. Neste período de parceria com o BNDES, a JBS tornou-se o maior frigorífico do mundo, comprando mais de 20 grandes empresas nacionais e internacionais do setor. Em 2013, o volume de vendas da JBS chegou a R$ 93 bilhões.
A política é criticada por concorrentes da JBS e até pela CNA (Confederação Nacional da Agricultora e Pecuária), que veem cartel na prática, embora o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não veja irregularidades.
Questionada sobre se há conflito ético em receber altas quantias de um banco público e ser campeã de doações eleitorais, a JBS respondeu: "Todas as doações são registradas e seguem as regras do TSE, não havendo por isso qualquer tipo de conflito de interesse."
O que dizem os candidatos
O mesmo questionamento direcionado à JBS foi feito às campanhas de Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos entre quinta e sexta-feira. A reportagem ainda perguntou às campanhas se pretendem manter a política de investimentos em empresas "campeãs nacionais".
A assessoria da campanha da presidente afirmou que "o comitê da candidata tem cumprido rigorosamente o que determina a legislação eleitoral no que diz respeito à captação de recursos" e que "todas as contas têm sido apresentadas ao TSE e tratadas com máxima transparência". A segunda pergunta não foi respondida.
A assessoria da campanha de Aécio informou, na sexta-feira, que o senador estava em Botucatu (SP) e que não conseguiu fazer contato com ele para responder às questões. Já a assessoria de Campos não respondeu às perguntas.
Fonte: UOL
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